Meu nome é Patrícia, e
encontro-me no momento quase sem forças, mas pedi para a enfermeira Dane minha
amiga escrever esta carta que será endereçada aos jovens de todo o Brasil,
antes que seja tarde demais:
Eu era uma jovem 'sarada',
criada em uma excelente família de classe média alta Florianópolis. Meu pai é Engenheiro Eletrônico de uma grande estatal e procurou sempre para mim e para meus dois irmãos dar tudo de bom e o que tem e
melhor, inclusive liberdade que eu nunca soube aproveitar.
Aos 13 anos participei e
ganhei um concurso para modelo e manequim (...). Sempre me destaquei pela minha
beleza física, chamava a atenção por onde
passava. Estudava no melhor colégio de 'Floripa', (...). Tinha todos os garotos do colégio aos meus pés. Nos finais de semana
freqüentava shopping, praias, cinema, curtia com minhas amigas tudo o que a vida tinha de melhor a oferecer às pessoas saradas, física
e mentalmente. Porém, como a vida nos prega algumas peças, o meu destino começou a mudar em outubro
de 2004. Fui com uma turma de amigos para a OKTOBERFEST em Blumenau. (...).
Aquela movimentação de gente era "trimaneira''. Eu já tinha experimentado
algumas bebidas, tomava escondido da minha mãe, mas nunca tinha ficado bêbada. No
1º dia e OKTOBER, tomei o meu primeiro porre de CHOPP. Que sensação legal curti a noite inteira
'doidona', beijei uns 10 carinhas, inclusive minhas amigas colocavam o CHOPP
numa mamadeira misturado com guaraná para enganar os 'meganha', porque menor
não podia beber; mas a gente bebeu a noite inteira e os otários' não percebiam. Lá pelas 4h da manhã, fui
levada ao Posto Médico, quase em coma alcoólico, numa maca dos Bombeiros. Deram-me umas injeções de glicose para melhorar. Quando fui ao apartamento quase 'vomitei as tripas', mas o meu grito de liberdade estava dado. No dia seguinte aquela dor de cabeça horrível, um mal estar daqueles como tensão pré-menstrual. No sábado conhecemos uma galera de S.
Paulo, que alugaram um ap' no mesmo prédio. Nem imaginava que naquele dia eu
estava sendo apresentada ao meu futuro assassino. Bebi um pouco no sábado, a
festa não estava legal, mas lá pelas 5:30 h da manhã fomos ao 'ap' dos garotos
para curtir o restante da noite. Rolou de tudo e fui apresentada ao famoso
baseado 'Cigarro de Maconha', que me ofereceram. No começo resisti, mas
chamaram a gente de 'Catarina careta', mexeram com nossos brios e acabamos experimentando. Fiquei com uma sensação esquisita, de baixo astral, mas no dia seguinte antes de ir embora experimentei novamente.
O garoto mais velho da turma o 'Marcos', fazia carreirinho e cheirava um pó branco que descobri ser cocaína. Ofereceram-me, mas não tive coragem naquele dia. Retornamos a 'Floripa' mas percebi que alguma coisa tinha mudado, eu sentia a necessidade de buscar novas experiências, e não demorou muito para eu novamente deparar-me com meu assassino 'DRUGS'.
O garoto mais velho da turma o 'Marcos', fazia carreirinho e cheirava um pó branco que descobri ser cocaína. Ofereceram-me, mas não tive coragem naquele dia. Retornamos a 'Floripa' mas percebi que alguma coisa tinha mudado, eu sentia a necessidade de buscar novas experiências, e não demorou muito para eu novamente deparar-me com meu assassino 'DRUGS'.
Aos poucos, meus melhores
amigos foram se afastando quando comecei a me
envolver com uma galera da pesada, e sem perceber, eu já era uma dependente química, a partir do momento que a droga começou a fazer parte do meu cotidiano.
Fiz viagens alucinantes, fumei maconha misturada com esterco de cavalo, experimentei cocaína misturada com um monte de porcaria. Eu e a galera descobrimos que misturando cocaína com sangue o efeito dela ficava mais forte, e aos poucos não compartilhávamos a seringa e sim, o sangue que cada um cedia para diluir o pó.
No início a minha mesada cobria os meus custos com as malditas, porque a galera repartia e o preço era acessível. Comecei a comprar a 'branca' a R$10,00 o grama, mas não demorou muito para conseguir somente a R$ 20,00 a boa, e eu precisava no mínimo 5 doses diárias.
Fiz viagens alucinantes, fumei maconha misturada com esterco de cavalo, experimentei cocaína misturada com um monte de porcaria. Eu e a galera descobrimos que misturando cocaína com sangue o efeito dela ficava mais forte, e aos poucos não compartilhávamos a seringa e sim, o sangue que cada um cedia para diluir o pó.
No início a minha mesada cobria os meus custos com as malditas, porque a galera repartia e o preço era acessível. Comecei a comprar a 'branca' a R$10,00 o grama, mas não demorou muito para conseguir somente a R$ 20,00 a boa, e eu precisava no mínimo 5 doses diárias.
Saía na sexta-feira e
retornava aos domingos com meus 'novos amigos'. Às vezes a gente conseguia o 'extasy', dançávamos nos 'Points' a noite inteira e
depois... farra!
O meu comportamento tinha
mudado em casa, meus pais perceberam, mas no início eu disfarçava e dizia que eles não tinham nada a ver com a minha vida... Comecei a roubar em casa
pequenas coisas para vender ou trocar por drogas...Aos poucos o dinheiro foi faltando e para conseguir grana fazia programas
com uns velhos que pagavam bem.
Sentia nojo de vender o meu
corpo, mas era necessário para conseguir
dinheiro. Aos poucos toda a minha família foi se desestruturando. Fui internada diversas vezes em Clínicas de Recuperação. Meus pais, sempre com muito
amor, gastavam fortunas para tentar reverter o quadro. Quando eu saía da Clínica agüentava alguns dias, mas logo estava me
picando novamente. Abandonei tudo: escola, bons amigos e família.
Em dezembro de 2007 a minha
sentença de morte foi decretada; descobri que
havia contraído o vírus da AIDS, não sei se me picando, ou através de relações
sexuais muitas vezes sem camisinha.
Devo ter passado o vírus a um
montão de gente, porque os homens pagavam mais para transar sem camisinha. Aos
poucos os meus valores, que só agora reconheço, foram acabando, família, amigos,
pais, religião, Deus, até Deus, tudo me parecia ridículo.
Meu pai e minha mãe fizeram
tudo, por isso nunca vou deixar de amá-los. Eles me deram o bem mais precioso
que é a vida e eu a joguei pelo ralo.
Estou internada, com 24 kg,
horrível, não quero receber visitas porque não podem me ver assim, não sei até quando sobrevivo, mas do fundo do coração peço aos jovens que não entrem nessa viagem maluca... Você com certeza vai se
arrepender assim como eu, mas percebo que é tarde demais pra mim.
OBS.: Patrícia encontrava-se internada no
Hospital Universitário de Florianópolis e a enfermeira Danelise, que cuidava de
Patrícia, veio a comunicar que Patrícia
veio a falecer 14 horas mais tarde depois que
escreveram essa carta, de parada cardíaca respiratória em conseqüência da AIDS.
escreveram essa carta, de parada cardíaca respiratória em conseqüência da AIDS.
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